Até ao Sec. XIX

Até ao Sec. XIX

O arranque

Conforme se pode verificar em documentos antigos, que referem os factos seguintes, podemos citar de que na data de 19 de Setembro do ano de 1575,os Juízes, os Vereadores e o Povo de " Monte Argil "apresentaram uma petição a el Rei D.Sebastião, no sentido de serem autorizados a erigir uma Igreja e Confraria da Santa Misericórdia, com um hospital, correndo todas as despesas a expensas dos mesmos, isto é, sem encargos da Coroa ou de outras Entidades.

Só passado mais de um ano, em 17 de Janeiro de 1577,(a burocracia já era emperrada naquela época) El- Rei deferiu a petição, nos termos em que a mesma fora apresentada.

Logo no início do ano seguinte, em 1578, as obras arrancaram; previamente se conseguiu o terreno e se adquiriram parte dos materiais e equipamentos, dos quais consta um carro, entre outras coisas. Como responsável pelas primeiras despesas figura Bertolomeu Vaz, certamente um tesoureiro da nova Confraria, cujo corpo físico estava sendo construído sob a administração directa. Este sistema foi alterado para o de empreitada, que durou pouco tempo, voltando ao inicial. O primeiro Provedor da Confraria terá sido, segundo se pensa, o Fidalgo Rodrigo Afonso, que tinha à sua volta, para gerir os destinos desta Santa Casa, mais doze Irmãos. A construção do imóvel," Igreja,Sacristia e Casa da Mesa", sita na Rua da Misericórdia, apesar das pequenas dimensões, demorou imensos anos, mais de dez, talvez por dificuldades de verbas disponíveis para o efeito, ou então, e também, por condicionalismos do clima.

 

 

Igreja da Misericórdia actual. Aqui estiveram instalados o primitivo hospital (anexo esquerdo) e a Casa da Mesa (anexo direito)

    

O património da nóvel Confraria, deve ter-se iniciado com o recebimento do legado de um Irmão, que doou a sua fazenda. Não sabemos se esta foi transformada em capital para aplicação nas obras, ou se terá permanecido no rol das courelas que iam recebendo. Sabemos que estas duas atitudes se concretizavam. Nunca esta Casa foi propriamente uma Instituição rica. Os seus rendimentos provinham de arrendamentos das poucas propriedades que possuía, como bens de raiz, acrescidos de muitos foros em cereais, das inúmeras propriedades foreiras. Muito destes foros subsistiram até ao "25 de Abril", mas as propriedades de raiz já tinham desaparecido na segunda metade do Séc.XIX, cremos que por imposição das Leis de Desamortização, promulgadas pelos governos liberais.

 

Obras de Misericórdia

 

Ainda a sede não estava concluída, mas já a Irmandade se debruçava sobre esses assuntos: distribuía esmolas em dinheiro, géneros ou roupas, pelos necessitados; assistia os penitentes e peregrinos que por aqui passavam; encarregava-se de transportar os doentes pobres aos hospitais dos concelhos limítrofes, uma vez que não possuíamos tal equipamento; visitavam-se e alimentavam-se os presos sem familiares; enterravam-se os defuntos, com as adequadas cerimónias e acompanhamento da Bandeira; celebravam-se Missas e Ofícios pelas almas dos benfeitores falecidos, assim como por ocasião das festividades do calendário religioso. Enfim, fazia-se o que era humanamente possível para acudir aos necessitados de ajuda ou consolo, como por exemplo ajudar a criar órfãos, os enjeitados, etc..

A assistência hospitalar, no verdadeiro sentido, só teve início nos finais do Séc.XVIII, altura em que se construiu um novo corpo, no pátio da Igreja, ficando esta mais harmónica, em termos estruturais arquitectónicos. E a partir deste momento, a acção da Misericórdia, já empobrecida pela perda de propriedades, (embora esta tivesse sido compensada com subsídios estatais, mas rapidamente reduzidos, quer pela Coroa, quer pelos seus valores sujeitos a depreciação resultante da inflação), foi sempre difícil. Este hospital foi aumentado com mais um piso superior no decorrer deste sec.XIX.